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Pela tradição do brinde! Vamos de conhaque!

  • Foto do escritor: Paula Pereira
    Paula Pereira
  • 3 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de fev. de 2022

Sou do tipo que bebe uma cervejinha sozinha em casa, duas ou três quando entre amigos e se a ocasião for especial e pedir uma taça de vinho, bebo também; - sempre com moderação nesta fase da vida. Quem bebe pouco, sabe: dependendo do que for, um golinho, uma taça ou uma garrafa a mais fazem enorme diferença. Eu sabia, mas havia esquecido e relembrei da forma mais típica possível: numa festa de aniversário.


Eu e meu marido fomos comemorar o aniversário do avô dele; uma pequena reunião em casa para 5 pessoas. A mesa estava posta conforme a tradição ucraniana: mesa farta, cheia de entradinhas, prato principal, brindes, sobremesas e chá. Não há como iniciar e terminar um evento desses sem uma duplinha de Engov.


O que acho bonito nas celebrações de aniversário ucranianas, pelo menos nas de adultos, é a tradição do discurso e do brinde. O convidado mais velho é quem puxa a série de brindes, seja com champanhe, vodka ou conhaque. Todos erguem suas taças enquanto ouvem o discurso do convidado. O discurso, sempre muito bonito (ou engraçado), geralmente descreve algum momento importante que eles (aniversariante e convidado) viveram juntos; seguido de votos de boa saúde e felicidade.


Lá estava eu na festinha pronta para mergulhar num universo de novas tradições. “Vamos preparar os copinhos do brinde!”. Entre champanhe e conhaque, escolhi o conhaque só porque o cheiro dele havia se espalhado pela mesa e aguçado minha curiosidade pelo seu sabor - não, conhaque não é o que costumo beber em casa, nem em festinha e nem entre amigos.


Vamos lá! Momento do primeiro brinde! A avó do meu marido começa o discurso, ele me dá um toquinho e avisa baixinho “O primeiro brinde você tem que virar o copo!”. Oh well… okay, um copinho eu dou conta”. Brindes feitos e senti o conhaque descendo quente pela garganta. Como quem não está acostumada a beber, bateu até aquela vontadezinha de tossir e pensei comigo “Que eles não temam que eu esteja com coronavírus”. Segurei a tosse o quanto pude, comi um pouco de pão com salmão e quando percebi que ainda ia tossir mais uma ou duas vezes, avisei o Sergei Se alguém achar estranho, avisa que estou tossindo por causa do conhaque”.


Uns vinte minutos depois, era vez do tio fazer o brinde. Mais conhaque no copinho! Ouvi o discurso do segundo brinde também em russo, sem entender nada, mas fiz cara de alegria como todo mundo. Então quando brindamos ao centro da mesa, virei o copinho todo. Aí o marido me dá outro toquinho e me avisa “O segundo não precisava virar”. Eita! Mas vamos lá… "de repente entre um petisco e outro, não vai dar nada".


Vinte minutos mais tarde, o tio pergunta quem de nós (eu e Sergei) é o mais velho. Respondi “Sou eu”. Então, era agora minha vez de fazer um discurso. Enchido o copinho de conhaque pela terceira vez, penso no meu discurso e o digo em inglês para Sergei traduzir. Brindamos! Só que desta vez fui mais esperta, molhei o lábio e dei só um golinho.


O calor começou a subir da mesma forma que o conhaque desceu. A sensação de relaxamento bateu e fiquei até mais à vontade para falar umas frases em russo. Comi mais um pouco e terminei meu copinho de conhaque o intercalando com suco de uva. Mas não era o fim. Ainda havia o quarto brinde, a ser feito pelo meu marido! Quando me dei conta, o tio do Sergei já estava completando meu copinho de conhaque que estava vazio… - e quem sou eu pra impedir e quebrar a tradição? Deixa… pode servir.


Sergei fez o quarto e último brinde! A esta altura eu já estava achando a situação engraçada e não via a hora de iniciarmos as sobremesas para, quem sabe, o efeito do álcool passar... Não passou até o final da festa, nem quando chegamos em casa, mas lá pelas 4h da manhã, depois de mais 2 Engovs, ahh aí o conhaque finalmente encontrou o rumo certo: fora de mim.




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