Quem agora vai dizer que “Falta tempo”?
- Paula Pereira

- 10 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de fev. de 2022
A falta de tempo sempre foi justificativa para muita gente; gente que nunca aprendeu um novo idioma, que não aprendeu a cozinhar, que não leu livros, que não arrumou a casa e até pra quem não respondia mensagens dos amigos... “Não dá, não tenho tempo”. Agora, em “tempos” (de dias, semanas e quiçá meses) de isolamento forçado, com tanta gente parada sem poder trabalhar, me pergunto o que as pessoas andam fazendo em casa.
Seria lindo, e talvez utópico, imaginar que tanto tempo “de sobra” seria facilmente usado de forma racional para executar tarefas que a gente considera tão importantes para: cuidar do nosso lar, dos nossos relacionamentos e até do nosso próprio desenvolvimento. Mas a verdade é que o ingrediente “tempo” não resolve todos os nossos problemas. Tempo sem entusiasmo, ânimo ou aquela energia que nos remove da inércia, realmente não nos leva a lugar nenhum.
Não posso falar por todas as pessoas, mas acredito que muitas lidam com esse “confinamento” com certa frustração. Há tempo para se manter informado? Sim, mas quem é que não se sente desmotivado diante de tanta notícia ruim que chega minuto a minuto? Há tempo para se conversar com os amigos? Sim, mas que notícia a gente tem pra compartilhar que não envolva compartilhar nosso desinteressante dia a dia de pijama? Há tempo para estudar? Sim, mas como a gente consegue “NÃO se convencer” de que num mundo tão cruel, não somos merecedores de mais um tempinho vagando pelo instagram, Netflix ou jogando videogame? Difícil.
Onde estão todas aquelas dicas de coach sobre “motivação” e “prioridades”? Sei que a internet está cheia delas, mas até isso ando evitando ultimamente … só porque não aguento mais ouvir falar em COVID-19. Aliás, por favor me avisem quando acharem uma cura, vacina ou quando eu puder sair de casa pra comer um pastel na lanchonete do Joaquim. Na real, só quero seguir com minha vida sem ter que lembrar do vírus o dia todo, mas ficou claro que não consigo nem escrever uma crônica sem falar do danado.
Não sei o quão motivada estou para fazer aquele monte de coisa que, logicamente, deveria estar fazendo. Mas resolvi começar por algum lugar, porque pior do que não ter motivação, é se sentir “culpado” por saber que esse tempo não volta atrás. Então, apesar da minha lista de “desejos” ainda ser grande como: fazer atividade física, estudar investimentos, fazer tutoriais de programas de edição de vídeo, aprender a cozinhar novas receitas e retomar alguns cursos de idiomas; escolhi uma dessas atividades para realizar diariamente e iniciar meus dias com ela. Sim, isso se chama: criar uma nova rotina.
Hoje faz 28 dias que tenho estudado russo todas as manhãs. A sensação é boa, principalmente porque percebo o progresso e me orgulho disso; o que consequentemente me motiva a fazer outras coisas também. Não, ainda não tenho pique para estudar investimentos porque quando olho para o livro, relembro que a meus investimentos estão no vermelho. Não, ainda não escrevo para os amigos como gostaria, mas simplesmente porque não tenho nada interessante para contar. De qualquer forma, cá estou... Finalmente encontrando tempo também para escrever crônicas, que é algo que eu não fazia há mais de um mês.
“E você, o que se orgulha em fazer com o tempo que tem de sobra?”




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